Desenvolvimento segundo Freud

05-06-2010 17:24

Freud propôs duas teorias sobre a constituição do aparelho psíquico:

1ª Teoria:

  •           Inconsciente - Zona do psiquismo constituída por pulsões, desejos de carácter afectivo-sexual, recordações recalcadas e cujo acesso ao consciente é impedido pela censura.
  •           Subconsciente - Zona do psiquismo entre o consciente e o inconsciente constituída por conteúdos que podem ser trazidos à consciência.
  •           Consciente - Zona do psiquismo que corresponde aos pensamentos, representações, sentimentos, percepções a que o sujeito tem acesso directo através da introspecção.

2ª Teoria:

  •      Superego - Instância do aparelho psíquico cujos conteúdos representam as normas, regras e interditos sociais, culturais e morais interiorizados. É o resultado da interiorização das imagens idealizadas dos pais e das regras sociais. É base da consciência moral; regula os conflitos entre id e ego; é hipermoral.
  •      Id - Instância totalmente inconsciente do aparelho psíquico cujos conteúdos principais são as pulsões inatas (de carácter sexual e agressivo) e os desejos reprimidos; rege-se pelo princípio de prazer e pelo processo primário (procura imediata e sem reservas da satisfação e do prazer). É amoral e ilógico
  •      Ego - Instância fundamentalmente consciente que se forma a partir do Id. Regulador e gestor das forças contraditórias entre Id (pulsões inconscientes) e Superego (exigências do meio). Tem preocupações lógicas, de coerência entre a força do id e os constrangimentos da realidade. Tenta ser moral; utiliza mecanismos de defesa; opõe-se ao id.

O desenvolvimento da personalidade é explicado por Freud pela evolução da forma como o indivíduo, desde o nascimento, procura obter prazer – a sexualidade –, que na infância (sexualidade infantil) é sobretudo auto-erótica (dirigida a si mesma), e só a partir da adolescência passa a ser essencialmente voltada para os outros.

Esta evolução permite definir estádios de desenvolvimento psicossexual:

  •            Oral (até 1 ano) - A zona erógena é a boca (prazer em mamar, pôr objectos na boca…); com o desmame surge o conflito entre o que deseja e a realidade.
  •            Anal (1 – 3 anos) - A zona erógena é a região anal (prazer em controlar a retenção e expulsão das fezes); sentimentos ambivalentes – conflito – o controlo fecal induz dor e não só prazer e há um desejo de ceder e, em simultâneo, de se opor às pressões sociais para a higiene.
  •            Fálico (3 – 5 anos) - A zona erógena é a região genital; a sexualidade deixa de ser exclusivamente auto-erótica e dirige-se aos pais, concretizada no Complexo de Édipo (atracção pelo progenitor do sexo oposto e agressividade perante o progenitor do mesmo sexo, visto como rival). Este conflito é ultrapassado quando a criança se identifica com o progenitor do mesmo sexo. As proibições e normas impostas no Complexo de Édipo são interiorizadas, dando origem à formação do Superego.
  •            Latência (6 – 11 anos) - Há uma diminuição da expressão da sexualidade, mas a problemática do Complexo de Édipo permanece oculta, sem se manifestar. É neste estádio que ocorre a amnésia infantil, que se trata do processo pelo qual a criança reprime no inconsciente as experiências perturbadoras do estádio fálico. É uma forma de defesa. A criança concentra a sua energia nas aprendizagens escolares e sociais.
  •            Genital (a partir da adolescência) - A sexualidade passa a ser dirigida aos outros e à consumação do acto sexual. A problemática do Complexo de Édipo, latente na fase anterior, é reavivada e vai ser definitivamente resolvida pelo luto das imagens idealizadas dos pais.

Estes estádios, anteriormente referidos, caracterizam-se, pelo predomínio de uma zona erógena e por conflitos psicossexuais entre a busca de prazer (pulsões sexuais/libido) e as forças que se lhe opõem (normas e valores sociais, regidos pelo Superego) que vão condicionar o desenvolvimento das estruturas do aparelho psíquico e a reelação dinâmica entre elas. 

É o ego que decide a realização e satisfação ou não do prazer. As situações de conflito vividas pelo Ego são geradoras de tensão, ansiedade e angústia. Os mecanismos de defesa do Ego são meios para atenuar essas situações.

Existem diferentes tipos de mecanismos de defesa, entre eles:

  •            Recalque - o sujeito envia para o Id as pulsões/desejos/sentimentos que não pode admitir no seu ego, recalcando-os; O conflito opõe a estrutura biológica do sujeito à sociedade: o conflito tem origem nos obstáculos, resistências, que encontra realização das pulsões.
  •            Regressão - retorno a uma fase anterior do desenvolvimento frente a uma frustração ou incapacidade de resolver problemas.
  •            Racionalização - justificação racional da pulsão/comportamento retirando assim os aspectos emocionais.
  •          Projecção - atribuir ao exterior (exemplo: a outra pessoa) sentimentos ou desejos próprios.
  •          Formação reactiva – ego procura afastar o desejo que vai em determinada direcção. Para isto o indivíduo adopta uma atitude oposta a este desejo.