Desenvolvimento segundo Erikson

05-06-2010 17:30

Erikson critica Freud, por ele não ter em conta, na sua concepção de desenvolvimento, as interacções entre o indivíduo e o meio. Por outro lado, enquanto Freud defendia que a energia que orientava o desenvolvimento era de natureza libidinal, Erikson enfatiza o processo de construção de identidade e a sua dimensão psicossocial. Além disso, considerava que Freud tinha uma tendência para patalogizar o comportamento.

Para Erikson, a energia que orienta o desenvolvimento é essencialmente de natureza psicossocial, pelo que Erikson valoriza as interacções entre a personalidade em transformação e o meio social. O desenvolvimento é um processo contínuo que se inicia com o nascimento e se prolonga até final da vida. A personalidade constrói-se à medida que a pessoa progride por estádios psicossociais que, no seu conjunto, constituem o ciclo da vida.

Erikson propõe oito estádios psicossociais, perspectiva oito idades no desenvolvimento do ciclo de vida, desde o nascimento até à morte, tendo em conta aspectos biológicos, individuais e sociais.

Em cada estádio, há um predomínio de uma tarefa, que assume a forma de um conflito, ou crise, (psicossocial) entre duas dimensões (uma positiva e uma negativa), induzido pela interacção entre as exigências da sociedade e as características do indivíduo. No momento de crise, o indivíduo cresce psicologicamente e a forma como resolveu os diversos conflitos vai afectar a forma como lida com eles no presente e no futuro. O desenvolvimento resulta da resolução das sucessivas crises e proporciona a aquisição de novas competências. As crises não resolvidas dificultam ou impedem o desenvolvimento e a resolução de conflitos posteriores. Apesar disso, em fases subsequentes, o indivíduo pode passar por experiências positivas que contrariem as vivências tidas em estados anteriores.

Um aspecto central da teoria de Erikson é o conceito de epigénese. Este conceito traduz-se no facto do desenvolvimento psicológico não ocorrer ao acaso, mas através de estádios, de acordo com as orientações de um plano de fundo. Este plano de fundo não transforma o desenvolvimento num processo automático, pois está dependente das oportunidades de interacção entre o indivíduo e o meio.

 

Estádios de desenvolvimento:

  •            Confiança versus Desconfiança (até aos 18 meses): Este estádio é marcado pela relação que o bebé estabelece com a mãe: se é compensadora, o bebé sente-se seguro, manifestando uma atitude de confiança face ao mundo; se não é satisfatória desenvolve sentimentos que conduzem ao medo/desconfiança em relação aos outros. A virtude adquirida na resolução, positiva da crise confiança versus desconfiança é a esperança.
  •            Autonomia versus Dúvida e Vergonha (18 meses - 3 anos): Se é encorajada a criança explora o mundo autonomamente; se é muito controlada pelos pais, sente dúvida (precisa da sua aprovação) e vergonha. A virtude adquirida é a força de vontade.
  •            Iniciativa versus Culpa (3-6 anos): A criança obtém prazer da realização de actividades por iniciativa própria, sente orgulho nas suas capacidades; se é muito punida, sente-se culpada por agir de acordo com os seus desejos; revela falta de espontaneidade e sente-se inibido. O núcleo significativo de relações estabelece-se com a família e a virtude própria deste estádio é a tenacidade.
  •            Indústria versus Inferioridade (6-12 anos): Na escola, a criança desenvolve aprendizagens (escolares, sociais…), que podem fazê-la sentir que é competente ou que é menos capaz que os colegas. Se prevalecer o fracasso na resolução da crise, a criança sente-se preguiçosa e evita entrar em competição; considera-se inferior e medíocre.
  •            Identidade versus Confusão (12-18/20 anos): O adolescente procura saber quem é (construção da identidade) em que quer tornar-se; pode também ficar confuso face a tantas possibilidades, sem saber o que quer, como agir, que pessoa é (confusão de identidade e de papéis). Aquele que resolve a crise de forma positiva adquire a lealdade como virtude. Ser leal é ser fiel a si próprio à sua identidade.
Intimidade versus Isolamento (18/20 – 30 e tal anos): O jovem adulto pode estabelecer relações de proximidade e partilha (amor e afiliação) com pessoas íntimas ou pode distanciar-se e fechar-se. Ou apresenta uma sexualidade enriquecedora e vínculos sociais abertos e estáveis ou isola-se e tem dificuldades em relacionar-se; as suas relações são inautênticas e instáveis.